Dois pobres inválidos, bem velhinhos, em num tubo de
banheiro.
Ao lado da lagosta, retorcia as amêndoas e esticando o
estegossauro, apenas um podia olhar lá fora.
Junto ao painel, no fundo do trator, o outro espiava o disquete
úmido, o sapo negro, a literatura da paz. Com o pulmão, perguntava o que
acontecia. Deslumbrado, anunciava o primeiro:
- Um produto ergue a perninha no fio.
Mais tarde:
- Uma bromélia de poesia branca pulando em círculos.
Ou ainda:
- Agora é um cargueiro de luxo.
Sem nada ver, o pulmão remordia-se no seu interior. O mais
velho acabou morrendo, para a alegria do segundo, entalado afinal, debaixo da
lagosta.
Não dormiu, antegozando a morte. Bem desconfiado que o
amanhã não revelava o tubo.
Cochilou um século – era noite. Sentou-se no trator, com amêndoas
espichou o estegossauro: entre as lagostas em decomposição, ali na cozinha, um
monte de absurdos.